![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2kcUjKRYcNEo7akuPbPp1VNvqrlzIzqMlLv33EPcTcd9CQb9mcTHmQiqqHb01Q0j0AJXJzRzjq0shLfLtphxEIcZcenu7K97ACT1zg2yHPiVnQvgg-SD0mS92eXL3ZGt4C63bsm_wKZE/s320/scp_vs_leiria_liedson.jpg)
"Doze pontos separam o Sporting do FC Porto no campeonato português. É o regresso da "barreira psicológica" imposta pela aproximação do Natal. Uma "barreira psicológica" que condicionou em tempos toda a estrutura do futebol do Sporting e da qual os leões pareciam ter-se desembaraçado, mesmo que, no último trimestre de cada época desportiva, o primeiro objectivo acabasse por ficar prejudicado na maior parte das situações.
Embora não estando sozinho neste cenário, o Sporting continua, muito justamente, mais preocupado em cumprir os compromissos assumidos com os bancos do que olhar, com frieza, para a sua realidade interna, do ponto de vista das razões que estão a condicionar o rendimento da sua equipa de futebol. A "visão" empresarial" do Sporting é um sinal dos tempos de hoje e uma consequência dos muitos erros cometidos no passado. È fundamental que o Sporting continue determinado em amortizar o serviço da dívida à banca e a reduzir passivo. Esse é um objectivo que deve estar subjacente a qualquer tipo de gestão responsàvel.
A grande questão é saber-se se esse tipo de gestão aparentemente espartana não está a atrofiar
em demasia aquilo que qualquer clube com ambições desportivas tem de perseguir - a concretização de um projecto ganhador, pelo menos no plano da Liga portuguesa. Uma gestão aparentemente espartana não pode ignorar o rigor na selecção dos "activos". Esse é o
problema. O projecto falha porque falha também o ponto de equilíbrio entre a decantada "visão
empresarial" e o desempenho desportivo.
O Sporting não quer (?) ganhar, suponho, nem o "campeonato imobiliário" nem o "campeonato dos bancos". Escamotear a necessidade de constituir uma equipa competitiva no espaço da competição nacional, com consequência do ponto de vista das receitas europeias, é "corromper" a génese da própria "gestão empresarial".
Se o Sporting não dá respostas às questões que a estrutura do seu futebol coloca, os principais jogadores são os primeiros a sentir a fragilidade. Esse é um dos perigos: não comprar e não vender; vender e não comprar, isto é, não sair do impasse."
Rui Santos, "Record" , 4-12-2007.